Sua vida é feita de escolhas, boas ou más, suas ou alheias, foram elas que decidiram todo o rumo que a história tomou, como sua vida, e o universo serão futuramente. Escolhas feitas por outras pessoas podem influenciar sua vida? Podem ser influenciadas por você? Até que ponto... E quando o assunto são suas próprias escolhas, até que ponto elas têm o poder de mudar o universo a sua volta?
Quanto mais escolha nós temos, melhor é a nossa vida? Vamos refletir um pouco sobre isso. Pense em uma pessoa, ela chega em uma loja e quer comprar calça jeans, mas há apenas um modelo que é feio e apertado, no final a pessoa compra a calça e volta conformada pra casa, afinal era a única que tinha. No outro lado do mundo, uma pessoa entra em uma loja e vê dezenas de modelos de calça jeans, um melhor que o outro, ela prova, prova e não sabe qual vai levar de tão bom que eles todos são, mas acaba por levar um para casa. Mas há um problema, por ter tido várias escolhas, ele se sente na obrigação de encontrar a calça perfeita, e como todos nós sabemos, não existe tal coisa como a calça jeans perfeita, então, mesmo que a calça seja boa, a pessoa sempre irá se culpar, pois na cabeça dela poderia ter escolhido uma melhor.
Outra observação acerca das escolhas que devemos fazer, é o fato de elas nos deixarem confusos, sim, escolhas podem fazer você ficar mais confuso. Um estudo foi feito nos Estados Unidos sobre planos de aposentadoria voluntária, e para cada dez planos diferentes que eram oferecidos, a taxa de participação caía 2%. Oferecidos 50 planos, 10% menos empregados participaram do que se tivesse apenas cinco, por quê? Por que com 50 planos diferentes para se escolher, é tão difícil escolher ‘o plano certo’, que você acaba adiando para amanhã, e amanhã e amanhã...
Esses dois fenômenos ocorrem por um único motivo: As pessoas não sabem lidar com as escolhas! Quanto mais escolhas as pessoas têm, mais paralizadas elas tendem a ficar, mas isso não é culpa das escolhas em si, não é essa a natureza das escolhas. Isso tem a ver com o modo que lidamos com as escolhas que estão na nossa frente.
Com várias escolhas, você não vive inteiramente o presente, você está em um local mas pensa sobre todas as características boas que outro local oferece, você assiste um filme pensando que poderia estar vendo outro naquele exato momento, e por causa disso, a experiência do local ou do filme que você está assistindo no momento, fica pior, você não a aproveitou completamente... E isso vai ocorrendo dia após dia na vida das pessoas, sempre há um ‘mas e se fosse assim’... É assim que nossa cabeça funciona, nunca no aqui, nunca no agora, sempre há ou houve um local mais digno de atenção.
Como então podemos agir de modo diferente frente às escolhas? Começe por parar de pensar “teria sido melhor se eu fizesse do outro jeito”, mesmo que talvez fosse melhor do outro jeito, você não vai conseguir voltar no tempo, vai? Então aprenda com seus erros e viva daqui em diante, o que aconteceu, aconteceu, tire o melhor proveito possível disso.
Para tomarmos escolhas melhores, é sempre importante conhecer a situação, se a escolha envolve viajar, conheça os prós e os contras de cada lugar, seja imparcial, se no momento você se encontra dominado pelas emoções, espere sua cabeça esfriar, se teve um dia difícil, dê uma respirada antes de tomar qualquer escolha importante que você tenha que tomar.
Finalmente o assunto mais importante do dia, meça suas consequências, por exemplo, se uma pessoa te agrediu verbalmente, você pode sentir uma vontade enorme de espalhar mentiras sobre ela ou de se vingar, você acha que as consequências serão boas dessa forma? Você pode atingir ela, mas vai se passar por mentiroso e vai acabar se prejudicando também, ou você pode simplesmente se afastar dela, continuar sua vida tranquilamente sem se preocupar com ela.
Todas as escolhas têm consequências, você é o produto de suas escolhas e de escolhas de outras pessoas feitas no passado, e será o produto das escolhas que estão sendo feitas no presente. Como você quer o seu futuro?



Não é incomum no “magismo” moderno o uso alienado de objetos mágicos durante a vida cotidiana e/ou em rituais.
Poucos realmente se perguntam se tais objetos são de fato necessários, suficientes, funcionais e de que modo funcionam. Meu objetivo neste texto não é ofender os doutrinados e muito menos ridicularizar crenças, mas talvez, trazer ao entendimento coisas simples e importantes, que são injustamente ignoradas.
De que modo ou modos, por exemplo, uma das ferramentas mais usadas na magia pagã de rua, o pingente de pentagrama, influencia verdadeiramente nas causas e efeitos rituais? De que modo uma varinha, um símbolo desenhado na mão, um incenso ou uma vela causam qualquer efeito sobre o funcionamento mágico? Eis perguntas difíceis que buscarei responder tentando não incorrer em erro.
Essas perguntas são praticamente irrespondíveis sem a resposta de uma pergunta ainda mais urgente. Em que consiste a magia?
Um ato de fé, dirá alguns, mas afirmar que a magia é um ato de fé significa afirmar o quê exatamente? A fé, conceitualmente falando, é tão simplesmente a crença em determinada coisa que não lhe apresenta dados mínimos de evidência.
Ser um mago então, seria puerilmente crer na realização de uma atividade qualquer, cuja a possibilidade e modo de realização não pode ser conhecida? Ora, isso faria da maior parte da população maga! Esse pobre ensaio, ou qualquer texto sobre tais assuntos perderiam todo sentido de serem lidos, uma vez que a magia consiste em um ato de fé, bastaria querer que algo se realize e esperar acontecer, fazendo dos deuses e símbolos meros ornamentos.
Uma vez que a magia não é um ato de fé simplesmente, o que seria então? Uma ciência¹ ou um exercício?
Vejamos o que dirá os autores clássicos.
“ A magia era o exercício de propriedades psíquicas adquiridas nos diversos níveis de iniciação. O desenvolvimento da vontade é o fim que todo homem deve ter em mente, se deseja comandar as forças da natureza.” (Papus, p 104)
“ A diferença entre um mago e um feiticeiro está em que o primeiro sabe o que faz e prevê os resultados do que realiza, enquanto o segundo não tem o menor controle sobre sua atividade.” (Papus, p 105 e 106)
“Não é o poder que falta, é à vontade. (Mo-Tsé)” (Papus, p 106)
“ As relações entre o visível e o invisível chegaram a seu limite. Daí o método empregado visando a fixar a vontade nas operações mágicas. Um adepto não pode produzir um efeito em oposição à natureza, um milagre, simplesmente porque isso não existe.” (Papus, p 107)
“ Não há milagres. Tudo o que acontece é o resultado da lei eterna, imutável, sempre ativa. (Madama Blavatsky)” (Papus, p 107)
“A magia considerada como ciência é o conhecimento desses princípios... (Madama Blavatsky)” (Papus, p 108)
“ A pedra angular da magia é um conhecimento prático e aprofundado do magnetismo e da eletricidade, de sua qualidade, de sua correlação e de sua potencialidade. (Madama Blavatsky)” (Papus, p 110)
“ Resumindo, a magia é a sabedoria espiritual, a natureza é aliada espiritual, a pupila e a servidora do mago. ( Madama Blavatsky)” (Papus, p 110)
“ Deixai que os loucos ajam. Sem fim e sem causa, deveis, no presente, contemplar o futuro. (Fabre d’Olivete)” (Papus, p 115)
Com todas essas citações clássicas, digo que a magia é a ciência que estuda a natureza (em todas as suas manifestações) e que aplica seu conhecimento no exercício da vontade. Logo a magia não é fé, pois como já foi dito fé é à vontade sobre a esperança no desconhecido, e a magia enquanto ciência e prática difere muito disso.
Apesar de todos os princípios intransponíveis serem necessários para produção mágica, existe um em especial que se trazido ao entendimento pode clarear muitas dúvidas e/ou desvelar o que muitos ignoram.
O Principio de correspondência (O Caibalion, p 6), embora não seja suficiente, é necessário para o exercício mágico. Tal principio consiste tão simplesmente em entender as infinitas ligações entre os mundo das coisas sensíveis e os mundos das coisas suprassensíveis.
Essa ligação é meramente entre objeto material e objeto ideal, objeto material e objeto sentimental (que pode ser ideal) e objeto material e objeto imaginário e o objeto imaginário a todos os outros já citados.
O objeto material é todo o objeto que temos ao alcance dos sentidos, como facas, pingentes, velas e etc, esses são dotados de matéria e quase sempre de uma imagem e forma.
O objeto ideal é todo o objeto que não existe ao alcance dos sentidos, e muito menos possuem matéria e forma, não podem ser sentidos mentalmente, mas podem ser conceituados. Como a ideia de justiça, sabedoria, beleza e etc.
O objeto sentimental é todo o objeto que não possui matéria e forma, não existe ao alcance dos sentidos, podem ser conceituados e sentidos pelo espírito². Como por exemplo, o amor, ódio, alegria, tristeza etc.
O objeto imaginativo, dos quais muitos estão familiarizados, são simplesmente nossas criações do espírito, isentos de matéria, mas dotado de forma. Como é o caso do centauro, das memórias imagéticas, deuses etc.
Uma vez entendido a explicação acima, vejamos seu funcionamento a partir de exemplos.
Ligação de objeto material e objeto ideal: Em um ritual quando usamos uma pena de pavão para representar a ideia de beleza, uma vez que essa ideia não possui imagens, usa-se imagens de representação para evocar a ideia.
Ligação de objeto material e objeto sentimental: Em um ritual em que o magista não é capacitado para gerar sentimentos artificiais, usa o símbolo do coração, por exemplo, para representar e evocar a ideia de amor e daí o sentimento, uma vez que o amor em si não possui imagem.
Ligação de objeto material e objeto imaginário: como quando imaginamos um ser ou um símbolo e lhe damos corpo físico, como alguém que cria um selo mentalmente e o desenha no papel, o objeto imaginário liga-se a todos os outros objetos, pois sempre se liga a Idea e às vezes a sentimentos.
Muitas dessas representações são arbitrárias e não de fato, mesmo assim seu efeito é existente, como por exemplo, a pomba, que de fato nada tem haver com a paz.
Os deuses são representações ricas em símbolos para representar o que não possui forma, daí temos o deus do amor, da justiça, guerra, beleza e etc. Esses são em sua maioria representação de ideias necessárias para o funcionamento da vontade.
Para entender melhor o porquê essa ligação ocorre, vejamos o que dizem os clássicos:
“ O método principal da ciência oculta é a analogia. Pela analogia determinamos as relações existentes entre os fenômenos.” (Papus 44)
“ veremos, por exemplo, por que, para comandar os espíritos do ar é necessário uma pena de águia (Eliphas Levi, Rituel de haute megie) segundo as relações analógicas existentes entre o elemento e a ave. Tudo isso consiste num método para fixar a vontade.” (Papus 113)
Mas uma pergunta eu faço, um mago cujo espírito é capaz de abstrair imagens e formas com facilidade, não ficaria independente de objetos materiais em sua maioria? Os rituais não seriam então substituídos por meras abstrações de ideias? Os deuses e suas formas não perderiam o sentido? Bastando então à vontade e o conhecimento de sua aplicação? Seriam os deuses e símbolos meros ornamentos deixados pelos mais avançados para facilitar a ação dos espíritos mais jovens na magia?
Tais perguntas são assaz difíceis, e prefiro não responder neste artigo.

Lord Vincus
2012
“Praebere sitientibus”


Notas:
(1)Ciência: Saber, conhecimento.
(2)Espírito: Mente, eu interior, corpo intelectivo.

Referências Bibliográficas:
O Caibalion, Os três iniciados. Texto virtual pdf. s/d.
Tratado de ciências ocultas, PAPUS. Editora três. 1973.

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