Vejo acontecer com uma frequência gritante equívocos relacionados com a falta de sentido de certos termos e sentenças proferidos por muitos. Acredito que esse problema se deve, em grande parte, à um deslize de atenção provocado pela "familiaridade" desses termos e sentenças. Isso, no entanto, é perigoso e nos leva à sistemas vazios de sentido e significado. Se torna necessário, então, reavaliar e compreender, de forma clara e coesa, àquilo que está sendo abordado pelo seu discurso, seja mental ou expresso.

À muitos jovens, e até mesmo para aqueles mais velhos que deixam-se iludir, é comum o emprego de termos que são, para eles, familiar de alguma forma. A familiaridade se dá através da construção da palavra, que pode ser conhecida, e de um suposto significado que se dá como subentendido, mas que se revela, muito comumente, como sendo disforme e desprovido de sentido. Esses termos são comuns e de emprego cotidiano, seu sentido e significado são tomados como dados, mas justamente por isso que esse tipo de equívoco ocorre.

Muitos, ao ouvirem isso, vão buscar referências rápidas para tentarem respaldarem suas posições, frases curtas, como bordões, que, ao menos no que eles acreditam, sumarizam as definições necessárias para o entendimento do termo. Mas, novamente, isso tende à falhar também. Definições breves tendem à somente levantar mais questões, ao invés de sana-las. Afinal de contas a produção de conhecimento se trata do esboço e definição de ideias claras[1] e se fosse tão simples sumarizar ideias de natureza complexa, tal como os termos empregados por esses indivíduos, não se faria necessário pesquisas profundas, leituras metódicas e reflexões árduas. Se assim fosse, também, o desenvolvimento de conhecimento que atravessa gerações seria muito mais simples, e estaria, hoje, muito mais avançado. No entanto isso não ocorre e essa premissa é, em verdade, inválida.

Acredito que em grande parte essa ideia de "conhecimento rápido", resumido à frases de efeito pouco, ou nem sequer, refletidas e ponderadas é somente validada por Espiritualistas de pouca ambição e interesse, para além da sua satisfação própria. Conhecimento não se faz em 140 caracteres ou menos, afinal, e acreditar nisso é tender à um certo afobamento pueril. Discordar disso é menosprezar o passado e todos os seus pensadores, além de desprezar a sua própria vida e todo o processo da sua história até o momento presente, onde você se vê capaz de pensar e crer naquilo que você pensa e crê.

[1] - LEMOS, Hugo, Do discurso: daquilo que é impreciso àquilo que é preciso.

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